segunda-feira, 8 de outubro de 2012

pintura antropofágica

Tela interminada repousa ao lado da cama.
O meu sorriso, recém-acordado, ecoa um silêncio
[antropofágico.

O artista dorme ao meu lado.
Cabelo bagunçado, sua nudez é
avassaladora.
O corpo, que fora devorado por mim, dormia.
Eu, sorria.

Devorava-te com os olhos,
e suspirava:
Devorei-te
A ti.

Doce lembrança, que ao cair o dia,
 se assemelhava a um sonho criado,
 irreal.

Caio em mim:
sou só um corpo que viveria para te comer.
Com os olhos, com a boca, com os lábios,
com tudo o que posso.

É que contigo eu não posso,
transborda em mim.

És a tela interminada.
Aquela que eu gostaria de pintar.
Aquela no abismo da minha fantasia,
e do real.

Sonho antropofágico.
Comer-te,
a ti.

Pintar-te,
pra mim.
Criar-te na beira da minha cama.






Nenhum comentário:

Postar um comentário