Eu sinto que a vida carrega vidas prontas dentro dela mesma.
A vida da beleza pronta, da inveja e vontade de tê-la, ainda que seja em outra pessoa.
No limite, o que desejamos, senão devorarmo-nos, uns aos outros.
Eu sinto que a solidão é um estado de espírito. Alguns se desesperam.
A imagem na tevê, os filtros nas fotos, que apagam e borram o que não pode ser foco.
Sinto que fico mais nova a cada ano, e que a vida recomeça todos os dias. Sentir-me tão diferente do comum, onde em tese envelhecemos a cada dia e corremos contra o tempo, é a minha pequena revolução. Talvez como Fitzgerald, talvez como em uma corrida. Ao final morremos um pouco, mas a sensação do coração batendo mais forte me torna mais viva. E no final de tudo o que é isso tudo senão uma eterna re-significação do que é e sempre foi o mesmo. Aprender a tomar café sem açúcar a aprender a não comer pão. A tristeza seria esse momento em que queremos uma vida que não a nossa mesma.