quinta-feira, 29 de agosto de 2013

E no final de tudo, talvez nunca tenha produzido tantos efeitos, quanto produzo em períodos de crise.
Gosto muito, também, de fazer análises silenciosas com as sugestões e frases de efeitos que me são ditas, nestas tentativas de amenizar os próprios efeitos que essa crise ocasiona em mim, e por consequência nestas mesmas pessoas que eu afeto, com minhas afetações. Neste ciclo contagiante,  sinto as tentativas de inércia, minha, e dos meus pares - algumas rupturas precisam ter efeitos rasgados. Há de se saber que tomar conta do que não é contável é sempre muito danoso. E buscar as beiras humanas podem nos levar aos abismos. Eu sinto, de fato, que a vida é um eterno tateamento, ou tentativas de tatear esse vazio.
E vontades de se jogar nesse vazio.Alguns dizem-me que preciso meditar antes de fazê-lo, outros me alertam para o que estou carregando, e provavelmente perderei com a queda. Outros, ainda, me propõem a fazer uma previsão do vento, pra saber em quê direção o pulo pode ser menos prejudicial. Não sei pra onde estou indo, só sei que estou cansada de carregar alguns pesos que não são meus.
E na beira disso tudo, a gravidade me chama. 

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Buena Brasília

Sair de Brasília, viajar, qualquer sensação que nos tire dessa bolha operante, sempre me remete a pensar na esquisitice que é morar nesse lugar. Ao mesmo tempo que quando vivo o cotidiano do plano piloto, me deslumbro a cada dia, é inevitável não constatar a absoluta insensatez que essa cidade foi construída e se constituiu. Talvez por causa dessa mesma força insensata e construída por tantos imigrantes, peregrinos ou nômades, eu me sinta tão cidadã do mundo, e pertencente a tantos lugares  - que por essência sempre serão absolutamente diferentes da minha terra natal. Pertencer a um lugar tão único me remete a pensar que pertenço a muitos lugares e a nenhum.

Ontem, andando pelas ruas de Buenos Aires, tanta coisa aconteceu. Passou por mim um garoto, ouvindo música e cantando, com força e bravura, indelével a qualquer constatação julgamentosa que passasse por si. Passei em frente a uma loja de velas, que além de exalar quentura em meio aos ventos atravessados e frios, exalava cheiros díspares e harmônicos. Continuei andando a esmo - um ímpeto desconhecido por quem habita Brasília. Passei em frente a uma rádio, onde trabalhadores operavam suas falas no studio em uma espécie de vitrine. Os vi falando, e não o escutava. Quanta contravenção, estamos habituados a sempre ser o contrário disso. 
Estar longe é uma sensação de bem-estar apavorante, o abismo do mundo se mostra à nossa frente, e podemos perceber alguns apegos completamente desnecessários. A rotina se mostra como uma volta em torno de um mesmo eixo, levando a lugares talvez mesmos, talvez outros. Talvez só precise fazer sentido. E quando não faz? Como continuar lidando com a própria vida?
Viajar me remete a uma insensatez obsessiva de desapegar de mim mesma.