Sair de Brasília, viajar, qualquer sensação que nos tire dessa bolha operante, sempre me remete a pensar na esquisitice que é morar nesse lugar. Ao mesmo tempo que quando vivo o cotidiano do plano piloto, me deslumbro a cada dia, é inevitável não constatar a absoluta insensatez que essa cidade foi construída e se constituiu. Talvez por causa dessa mesma força insensata e construída por tantos imigrantes, peregrinos ou nômades, eu me sinta tão cidadã do mundo, e pertencente a tantos lugares - que por essência sempre serão absolutamente diferentes da minha terra natal. Pertencer a um lugar tão único me remete a pensar que pertenço a muitos lugares e a nenhum.
Estar longe é uma sensação de bem-estar apavorante, o abismo do mundo se mostra à nossa frente, e podemos perceber alguns apegos completamente desnecessários. A rotina se mostra como uma volta em torno de um mesmo eixo, levando a lugares talvez mesmos, talvez outros. Talvez só precise fazer sentido. E quando não faz? Como continuar lidando com a própria vida?
Viajar me remete a uma insensatez obsessiva de desapegar de mim mesma.
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