Apaixonara-se tanto pelo seu ofício, de pintar, e por pintar, traçar e esboçar o mundo no abismo do traço, que pensou em tatuar. Queria gritar pro mundo que queria pintá-lo em si mesma. E em sendo carne, ter o traço, seu, nela. Mas sabia que isso seria um exagero talvez equivocado, um equívoco talvez exagerado. Por isso contentava-se em planejar, silenciosamente, daqueles desejos secretos sonhado com minúsculos efêmeros e desafortunados detalhes, daqueles sem a menor pretensão de existir, mas os quais talvez guiem nossos gestos. E neste detalhe secreto, sonhado nas pupilas, e aspirado pro universo, sonhava com o dia que se reencontrariam novamente, e de tanto se amarem, seus corpos teriam uma tatuagem daquelas, que só a gente vê. Que só dois vêem. Como uma pinta que aparece nas costas, ou uma cicatriz na canela. Um segredo a dois, marcas na carne que só dois sabem e poderão saber.
Pensava que não ter sua tatuagem doía mais do que se escrevesse seu nome em seu corpo, por inteiro.
Sua ausência era um silêncio torturante.
Eu exagero você. Aumento você. Aumento o que foi. Não me interessa. O que é da carne, é carne.
Pensava que não ter sua tatuagem doía mais do que se escrevesse seu nome em seu corpo, por inteiro.
Sua ausência era um silêncio torturante.
Eu exagero você. Aumento você. Aumento o que foi. Não me interessa. O que é da carne, é carne.